terça-feira, 7 de junho de 2016

A utopia do viratempo

A começar pelos arrependimentos, a vontade voltar no tempo e fazer tudo diferente é uma recorrência que poucos admitem viver. Pois eu digo: Sim. Se pudesse voltaria. Se pudesse mudaria o rumo das coisas e estenderia um tantinho a mais meus momentos felizes. Diria o que eu não disse e certamente omitiria algumas coisas. Pois sinceridade nem sempre é bom. É claro que o cliché de que aprendemos com os nossos erros é verdade. Ou que são nossas experiências que nos constroem. Mas ainda assim eu não seria hipócrita o suficiente pra dizer que isso me basta.
A dor que me dilacera o peito nesse momento ninguém vê, mas só o que sinto é suficiente pra eu saber que muita coisa poderia ter sido diferente. Que em parte tenho responsabilidade sobre a minha tristeza. Por vezes me pego pesando se há algo que possa ser feito agora, e o desespero bate ao perceber que estou tão perdida que o passado soa mais seguro e acolhedor que esse futuro que me escapa pelos dedos.
Esse porto seguro que se chama amor pode ser destruído por ondas gigantescas e tempestades impiedosas. Meu conforto, meu consolo, a certeza de que não importa o que aconteça tudo ficará bem...tudo pode se esvanecer da noite pro dia. Custa saber se porque se esvaneceu tão rápido, em algum momento foi real. Não sei se foi. Talvez nunca saiba. Mas o que eu senti pode ter sido a fantasia mais real que vivi...e preferiria viver nesse sonho sem nunca ter sido acordada.

sábado, 30 de abril de 2016

O cortiço, a lésbica e o guarda-roupa

É incrível como não há distância que separe verdadeiras amizades. Cliché, eu sei. Mas a vida é composta dos piores clichés. Então aceitemos. 
Uma simples conversa e me senti aos 15 outra vez. Falando de livros e filosofia. Discutindo o sentido da vida...ou a falta dele ultimamente. Gritando fuck you! pro mundo como se a injustiça ainda me causasse a mesma revolta adolescente. Adultos são apáticos. É por isso que nunca tive pressa pela vida adulta. As coisas do mundo deixam de te tocar, e raramente você percebe que tem feito a mesma coisa todos os dias e negligenciado o que realmente importa.
O que importa? Pra mim o que realmente importa é conversar bobagem até de madrugada tomando café. É criar códigos a partir de falas literais. Gargalhar sozinha porque a ironia da vida me deu um título bacana pro texto que eu precisava escrever. Reassistir filmes bons com companhias que me fazem bem. Ou até mesmo comer um yaksoba de 10 minutos que merece que eu descarte a dor de dente para apreciá-lo. 
No final é só isso. Mas não somente. Ainda temos tempo. Amanhã lavarei as roupas brancas. E você? O que pretende fazer da vida?

domingo, 27 de março de 2016

O começo pelo meio

Há cerca de dois anos eu estava em um tipo de crise que acredito ser comum à maioria das pessoas que se encontram nos vinte e poucos anos. Tinha terminado a faculdade, estava trabalhando em lugares que me pagavam mal e não tinha perspectiva do meu futuro. Eu não me reconhecia. Não entendia o que tinha acontecido pra simplesmente parar no tempo e viver em modo automático...eu nunca fui assim.
Comecei a me esforçar pra sair da zona de conforto. Trabalhava em vários lugares, tentei me envolver em coisas novas...algo ainda faltava. Foi a partir de então que decidi tentar um programa de mestrado em um estado longe do meu. Morar longe da família e dos amigos, experimentar uma cultura diferente, viver uma nova rotina e conhecer outras pessoas. Eu consegui. Se o objetivo era sair da zona de conforto, eu finalmente consegui.
Passei  a conviver com gente diferente, aprendi a ver o lado ruim das pessoas, me apaixonei, cresci academicamente e emocionalmente. Mas o vazio permanece.
Comecei a pensar se realmente o que eu queria estar nessa experiência, e cheguei à conclusão que não. Sinto falta de tudo o que deixei pra trás, e penso nisso todos os dias.
Mas se eu deixei tudo pra trás porque estava insatisfeita, por que agora quero voltar? E por que eu sei que quando voltar sentirei o mesmo novamente?
Vivemos rodeados de pessoas que sempre nos demandam algo, esperam coisas de nós...talvez esse seja o ponto. Eu preciso constantemente sair da minha zona de conforto para confortar os outros.
Tudo o que vivi é válido, mesmo que não seja o que eu desejo pra mim, pois me fez quem sou hoje. Mas se tem algo que aprendi, é que infelizmente precisamos ser mais egoístas.