domingo, 20 de dezembro de 2009

Surtando




Violetas vermelhas caem do céu
em frente aos meus olhos
mas só no meu pensamento.

Gotas de chuva derramam sobre o meu rosto
escorrem pela minha pele
e cortam ao menor toque.
Mas só na minha mente perturbada.

   Tudo pode estar bem
  e as coisas ruins passarem longe,
     mas aqueles outros me atormentam.

   Sou vítima da minha própria tortura,
    machucada pelas minhas ilusões,
    invadida pelos meus tormentos,
  sufocada com meras confusões.

  Mas a cada dia que passa
   enxergo mais e mais a minha loucura
  e não consigo controlá-la.

 Seria tão difícil
se libertar dessa pressão
 que fantasia o real em busca do sofrimento?

Há um por quê neste surto
 um motivo pra essa paranóia
um problema desencadeante.

No fundo todos sabem qual é
e como resolvê-lo,
 mas ninguém quer assumir
a sua verdadeira face.

Psicanalisando




Torturas hipnóticas em momentos inoportunos que desligam a atenção de coisas superficialmente importantes...não vês que esta doce loucura de segundos prazerosos pode te levar ao caos psíquico?! Saber controlar a sanidade é fundamentalmente relevante para não se tornar vulnerável a outros. A viagem constante deixa aberta a tua mente para possíveis espiões. Eles te observam e buscam teus pontos fracos durante tempos longos e indefinidos, para fazer sei lá o quê com os teus pensamentos perturbadores e egoístas.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Parte VI do "Conto e infinitas possibilidades"


A última parte do conto foi postada por Felipe (http://insanosconscientes.blogspot.com/). Para quem não acompanhou, siga o conto a partir do meu blog, onde foi escrita a primeira parte.
Lílian estava tensa nos últimos dias. Já fazia um ano que ela e Morgana estavam sozinhas, entretanto, nos últimos quinze dias a menina não parava de perguntar-lhe sobre o pai, o que a preocupava bastante, pois ela não acreditava que Gordon ainda estivesse vivo, "Se bem que ele sempre escapou com naturalidade da morte", pensou ela. Lembrou-se da época em que se conheceram, ela era uma jovem de 18 anos sem um tostão no bolso, que tinha ido a Londres com o suficiente para a passagem de ida, e que naquele momento trabalhava de babá da filha de uma conhecida. "Ainda me dou bem nesse lugar", era o que mais Lílian pensava. Hoje talvez não teria a mesma audácia de outrora, com uma filha pequena, e 27 anos de idade sem nenhum diploma, esse não era o futuro que Lílian queria para si.
Na época em que conhecera Gordon tudo mudou. Sua vida na Inglaterra era completamente diferente. "E eu que pensei no felizes para sempre, idiota", ela adorava passear na praça do Big Ben, próximo ao parlamento, e ao admirar aquele monumento tão conhecido, perdida em seus sonhos enquanto olhava para cima, ouviu uma voz grave e firme, "Tourist?", nenhum inglês tinha esse tipo de comportamento diante daquele relógio, o que era compreenssível. Após cinco meses estava grávida de Morgana e casada com um homem que conhecia profundamente, mas que lhe escondia sua vida, "Que contradição!"
Ela não se importava, gostava do mistério, até coisas estranhas começarem a acontecer. Saídas no meio da noite, pessoas estranhas que ele levava para o escritório a fim de conversar a sós...o corpo. Foi quando não tinha mais como esconder. Lílian tornou-se sua cúmplice e ajudou-o a livrar-se de alguém. O trato era sem perguntas, ela não podia saber demais. Ela preferia assim, e ele também.
Um dia foi a gota d'água. Lílian foi perseguida por um carro até sua casa, ao chegar lá suas malas estavam prontas e Gordon a esperava com um ar aflito, "Vamos para o Brasil", ele falava pouco português, então foi a única coisa que ele disse, e ela já estava habituada a poucas informações. Nessa época Morgana já tinha 6 anos, e eles sempre escondiam qualquer traço obscuro de suas vidas para a garotinha, deixando-a protegida dentro de um mundo encantado e perfeito...o que não deixava Lílian livre de apreensões, pois nunca viu sua filha como uma garota comum.
Nos primeiros seis meses tudo estava perfeito, pois nenhum vestígio os levava até Fernando de Noronha, então, algo de diferente aconteceu e os telefonemas recomeçaram. Eles se instalaram em Recife e Gordon passou tempo suficiente para se organizarem e para deixar uma poupança para as duas. Foi. Simplesmente foi sem maiores explicações ou despedidas. "Se os ingleses são frios, imagine os mafiosos", pensou Lílian.

P.S.: A história continua no mesmo esquema, com Gutemberg.