segunda-feira, 29 de março de 2010

Lembrança de tempos remotos

    Aquela luz que me cegava remetia a algo que já passei. Aquele som me pareceu familiar, como se tivesse feito parte da minha existência. As companhias, mesmo com algumas alterações, também me fizeram lembrar de um tempo que me parece distante. Me faltou a embriaguez, mas talvez tenha sido melhor assim, pois não teria sido possível trazer tantas lembranças à tona com a cabeça em devaneios vendo o mundo girar. A rouquidão do fim da noite também não era uma novidade pra esse tipo de ocasião, mas me proporcionou uma alegria infantil de quem experimenta algo pela primeira vez.
    A partir do momento que comecei a me enxergar em plena adolescência, com o fervor e a excitação da minha experiência, notei que muita coisa havia mudado, e que todos esses elementos que me faziam recordar vivências, agora construíam uma nova situação, onde a adulta de alma infantil se divertia com nostalgia em todo aquele "Dejá vu".
    O mais marcante de tudo foi ouvir "Serve the Servants" e lembrar com clareza de uma época onda nada me preocupava ou machucava, onde até mesmo o tédio era sinal de diversão, onde eu não tinha medo de ser autêntica. Aos quinze anos conheci dois jovens meramente por acaso, e o Nirvana era naquela época o meu fervor e a minha idolatria, abrandados hoje em dia. Um deles tinha o álbum In utero, e se ofereceu para gravá-lo pra mim, Foi tudo muito rápido. No dia seguinte eu estava em uma festa de rock de penetra e escondida dos meus pais, na companhia de meus mais novos amigos, e na mesma semana tive a oportunidade de ouvir várias vezes seguidas o álbum em questão, onde a primeira faixa é a mesma música que ouvi depois de muito tempo na noite passada.
    Às vezes é bom voltar um pouco nossa tragetória e resgatar as coisas boas que tínhamos e se perderam. Temo que não tenha conseguido resgatá-las.

6 comentários:

  1. Me fez lembrar da letra de um forró:♫♫Tudo mudado, tudo mudou; até que meu xaxado melhorou...♫♫ (Ainda que a comparação entre forró e Kurt Cobain possa ofender os mais puritanos, mas, como diria Raul Seixas: "Não importa o sotaque e sim o jeito de fazer")

    Também gosto de Nirvana, mas me encanta mais o álbum Never Mind

    Em tempo: Se algum dia alguém me perguntar por que/pra que escrevo, com certeza responderei com as palavras de seu comentário. I couldn't agree more with you. Adorei!

    Abraço.

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  2. Belo texto, Lily!
    Não me caso de ouvir a lastimosa canção do Nirvana, Where Did You Sleep Last Night:

    http://www.youtube.com/watch?v=4xHl-P_arVA

    E me faz pensar da tristeza profunda que ele devia sentir ao cantar essa música... e no suicídio... e no amor que ele nutria pela esposa... sorry for the sad!

    Abraços, Robson.

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  3. às vezes é preciso regredir mais no tempo, para conseguir apanhar o caminho de volta.

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  4. É..Nirvana! Bons tempos pra mim também. Acho que se tivesse ido também teria ficado com essa mesma sensação de Déja vu...

    O álbum In Utero talvez seja o disco que melhor represente o que Nirvana foi. Quando o ouvi pela primeira vez tive a certeza que seria algo q nunca iria parar de escutar. No entanto aqui estou eu ouvindo coisas completamente diferentes dos acordes gritantes do Nirvana...

    belo texto

    Beijos

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  5. Ah como é bom reviver algo, sentimentos nostálgicos nos são necessários as vezes.

    Mesmo não sendo tão fã do Nirvana, ainda gosto do som fudido que eles fazem.


    Kisses And Hugs!

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  6. Eu também prefiro o Nevermind. Bons tempos p mim, bons tempos agora. Nirvana é sempre Nirvana, e nostalgia é sempre necessária. Como dizem por ai, vão se os homens, ficam as histórias. E como eu sempre gosto de dizer, Kurt não morreu!

    Ótimo texto. I couldn't agree more with you.

    Peace.

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